Monday, January 16, 2012

DO LIMAO QUERO UM PEDACO

John Everett Millais










Limão nutre, cicatriza, limpa e perfuma. E me lembra sempre a evocação à deusa pomareira: Leva-me, Pomona, aos teus bosques, onde o limão e amarga lima, mais a laranja brilhando no meio do  verde, misturam suas cores mais claras. Ou a poção feita com arsênico e presenteada à Rainha de Sabá pelo Rei Poeta. Para Clarice Lispector, as palavras, às vezes, são como pingar limão na ostra viva. Que palavras ela teria ouvido para formular semelhante comparação? Algum insulto velado, ao redor da Praça Maciel Pinheiro, chamada carinhosamente por seu povo de "Pletzele"? Insinuações malévolas nos meios diplomáticos onde viveu, em Nápoles, Berna, Torquay ou Washington? Jamais saberemos. Trata-se, porém de uma boa símile.
 E para além da casca e do sumo, vamos pensar na parte mais suave do vegetal: as flores.  É certo que não carregam a simbologia  dos botões de laranjeiras ofertados aos deuses na Grécia Antiga, por ocasião dos Himeneus, mas são imaculadas, olorosas e cheia de frescor.
O fruto também me recorda as " margaritas" de Jack Kerouac ou a Lira do Amor Romântico de  Carlos Drummond de Andrade, calcada na poética popular: Atirei um limão n'água/ o rio ficou vermelho/ e cada peixinho viu/meu coração num espelho. Atirei um limão n'água/como faço todo ano/ senti que os peixes diziam/ todo amor vive de engano. E ainda os poderes do óleo essencial empregado na Aromaterapia como um ativador eficaz da alegria de viver. Além do "espírito do vegetal", estudado por Paracelso, o limão por sua própria cor é fundamental para o tratamento do stress, fazendo-nos sentir um grande bem-estar ao termos contato com ele nos campos.
Enfim, ácidos ou adoçados, misturados à estonteante aguardent e (caipirinha), ou à aromática baunilha - o fruto e o verbo -  reclamam o seu espaço na mesa e no texto. Maria Eleonora Castelar Vasconcelos
Here, my own, imperfect translation, 

"Lemons nourish, heal and perfume.They bring to mind an invocation to Pomona, goddess of fruitfulness: Take me to your forests where the lemon and the bitter lime, plus the orange shimmering amid the green, mingle their brightest colours, Pomona. Or, the potion made with arsenic and given to the Queen of Sheba by the poet king. For (Jewish Brazilian writer) Clarice Lispector ,sometimes words are like lemon juice dripping on a live oyster. Which words would she have heard to come up with such a comparison? Was a veiled insult somewhere around the Maciel Pinheiro Square(in Recife, Brazil) which he people lovingly dubbed Pletzele? Ws it some malevolent innuendo in the diplomatic circles where she lived, in Naples, Bern, Torquay and Washington? We will ever know but it is a good simile. Besides peel and juice, let us think of flowers, the tenderest aspect of the plant. True, they are not freighted with the same symbolism that orange buds offered to the gods, in ancient Greece, at weddings, but they are  immaculate, pure and full of freshness.
The fruit reminds me of Kerouac's margaritas, and of (Brazilian poet) Carlos Drummond de Andrade's "Poetic Harp", which is based on on folk poetry, “I threw a lemon into the the river/ and the water turned red/and every little fish saw my heart in a mirror./ I threw a lemon into the river,/ as I do every year/All There is yet the the essential oil used in Aromatherapy, to promote joy in life. Besides the “ vegetable spirit” that Paracelsus studied, by  their  very colour,  lemons induce great joy in living when we come into contact with them  in the fields. To sum up, tart or sweetened, added to dizzying caipirinhas or to aromatic vanilla, fruit and verb merit space in text and at the table. Maria Eleonora Castelar Vasconcelos is a retired lawyer whose prize-winning writing has appeared in many Brazilian anthologies. 

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